Desespero cresce e Bolsonaro volta a atentar contra a democracia

Quanto mais as pesquisas indicam sua provável derrota nas eleições de outubro, mais Jair Bolsonaro se desespera e atenta contra a democracia. Nos últimos dias, dois episódios confirmaram, pela enésima vez, que o ex-capitão não tem nenhum respeito à vontade popular e merece o impeachment.

Na sexta-feira (10), claramente seguindo a orientação de seu chefe, o ministro da Defesa, general Paulo Sergio de Oliveira, enviou um ofício ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em mais uma tentativa de interferir no processo eleitoral, o que, absurdamente se tornou comum. 

Vale lembrar que, no mês passado, os militares enviaram sugestões ao tribunal que acabaram negadas – algumas por serem descabidas, outras por já estarem em prática. Agora, no documento mais recente, Oliveira assume um tom de ameaça e afirma que “as Forças Armadas não se sentem devidamente prestigiadas” pelo TSE.

Como se fosse papel do TSE prestigiar as Forças Armadas, que nada têm a ver com o processo eleitoral. Como muito bem já ressaltou o atual presidente do tribunal, Edson Fachin, no Brasil, as eleições são um assunto das forças desarmadas, ou seja, dos civis.

O outro episódio foi protagonizado pelo próprio Bolsonaro. Ao encontrar o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Cúpula das Américas, o brasileiro pediu ajuda dos americanos para nnao perder as eleições. 

A informação foi dada no sábado (11) pela agência de notícias Bloomberg, que apurou a história com uma das pessoas que presenciou a conversa entre os dois presidentes. Ainda segundo a Bloomberg, Biden mudou de assunto após Bolsonaro fazer o inaceitável pedido.

“É caso de impeachment” 

Segundo a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, Bolsonaro pediu ajuda para um golpe e, por isso, merece o impeachment. “É humilhante para o Brasil ter um presidente que pede ajuda aos EUA para ganhar eleições. Pediu um golpe! Despreza a soberania popular. O que está negociando o vadio do Bolsonaro em troca desse apoio?! Tem razão Randolfe Rodrigues, é caso de impeachment”, afirmou Gleisi pelo Twitter.

Gleisi também comentou o ofício do ministro da Defesa ao TSE. “O TSE já provou que as urnas eletrônicas são confiáveis, mas militares preferem fazer papel deplorável, como o ministro da Defesa. Bolsonaro não aceita que o povo quer ele fora. Mas vai ter que engolir e responder aos incontáveis processos que tem nas costas por destruir o país”, postou a presidenta do PT na mesma rede social.

Ataques recorrentes

Desde que foi reconquistada pelos brasileiros, a democracia brasileira nunca esteve tão ameaçada. Os dois episódios recentes são apenas mais um capítulo de uma série de ataques que Bolsonaro vem sistematicamente fazendo, numa clara tentativa de, no mínimo, tumultuar o processo eleitoral, numa grotesca imitação de Donald Trump.

Em sua escalada golpista, o ex-capitão já defendeu a volta do voto impresso; disse que apresentaria provas de fraudes no pleito de 2018, e depois voltou atrás; e inventou mentiras deslavadas sobre salas secretas de apuração e ataques cibernéticos (num episódio em que acabou cometendo um crime de vazamento de dados).

Mais recentemente, anunciou que seu partido contratará uma auditoria privada das eleições, em mais uma tentativa de acuar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e envolveu militares, que, após serem incluídos na Comissão de Transparência das Eleições, passaram a questionar o sistema eleitoral com afirmações infundadas e relatórios cheios de erros conceituais.

Os brasileiros, no entanto, não se enganam mais com as mentiras de Bolsonaro e sua fábrica de fake news e o deixam cada vez mais isolado. Pesquisa Genial/Quaest, divulgada em maio, mostra que o índice de brasileiros que dizem não acreditar nas urnas caiu de 27%, em setembro do ano passado, para 22%. Já os que dizem confiar muito está em 40%.

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