Haddad defende em Davos a retomada da integração da América Latina

Abandonada por Jair Bolsonaro, a integração dos países da América Latina deve ser retomada no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva para dinamizar as economias locais. “Nós entendemos que a integração regional é um imperativo para o nosso desenvolvimento”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (18), durante painel do Fórum Econômico Mundial sobre liderança na América Latina.

“Se nós não pensarmos em formas de integração regional, vamos ter dificuldade de decolar”, alertou o ministro, citando a competição com grandes blocos econômicos, como Estados Unidos, Europa e China. “Precisamos de uma integração que passa por infraestrutura, acordos comerciais, retomada do Mercosul e integração de outros países”, resumiu Haddad, que representou o Brasil junto com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Em seu último compromisso oficial no Fórum, em Davos (Suíça), o ministro brasileiro afirmou que tanto a integração quanto a produção de energia limpa são elementos cruciais para a atração de investimentos externos e a reindustrialização da América Latina. O Brasil conseguiu crescer 1,5 vez mais que a média mundial durante os 8 anos dos governos Lula, disse ele, graças aos “olhos generosos” para a região.

“A integração dos nossos mercados para ganhos de escala consideráveis é um elemento importante para atrair investimentos externos compatíveis com as nossas necessidades de oferecer empregos de mais alta qualidade para os nossos trabalhadores”, prosseguiu Haddad.

“Não é só investimento em educação que precisa ser feito, mas um tipo de investimento do qual nossa região tem um déficit importante”, ressaltou. “Isso passa pelo que o presidente (Gustavo) Petro falou. Nós temos a mesma visão a respeito das vantagens competitivas do nosso subcontinente em relação ao mundo”, explicou o ministro, citando o presidente da Colômbia, também presente no painel.

Uma dessas vantagens competitivas, apontou Haddad, é a produção de energia limpa – seja solar, hídrica, eólica ou de hidrogênio verde. “Ela não é facilmente transportável, e isso pode ser uma vantagem não só por interligar as Américas com linhas de transmissão, mas pode ser um fator determinante para atração de empresas e indústrias que queriam produzir a partir de energia limpa, para que toda a sua cadeia produtiva esteja em compasso com as determinações ambientais que hoje são incontornáveis.”

Na apresentação do painel, a chefe da agenda regional e América Latina do Fórum, Marisol Argueta de Barillas, apontou o Brasil como líder natural da região. Também participaram do encontro os presidentes do Equador, Guillermo Lasso; da Costa Rica, Rodrigo Chaves; e a vice-presidente da República Dominicana, Raquel Peña.

Reforçando o discurso do ministro da Fazenda, o presidente Lula viaja neste domingo (22) para a Argentina, onde participa da VII Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Na próxima quarta-feira (25), Lula vai ao Uruguai, a convite do presidente Luis Lacalle Pou, que esteve na posse de Lula ao lado do ex-mandatário uruguaio José Mujica.

Composto por 33 países, o bloco regional de cooperação para o desenvolvimento e a concertação política foi criado em fevereiro de 2010, com participação ativa de Lula. No último dia 5, o Brasil anunciou o retorno ao fórum, dois anos após o ex-governo Bolsonaro deixá-lo.

Prioridades do terceiro mandato presidencial, o retorno a organismos internacionais e a valorização da relação com os países latino americanos já foram anunciadas pelo próprio Lula e pelo ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores.

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